domingo, junho 18, 2006

Ao longe

Brasil x Austrália na TV. O personagem atende a alguns telefonemas, e nenhum é tão importante quanto assistir à seleção brasileira. Há mais de 10 pessoas na sua casa gritando e torcendo. Quantas mais não estarão em seus lares fazendo o mesmo? Um canal, um time, uma nação!



O protagonista caminha ao portão com o intuito de observar, quem sabe, algumas pessoas passeando com bandeiras. E, pela primeira vez em sua vida com os olhos abertos, a audição é mais relevante do que a visão - salvos os casos em que foi salvo de atropelamentos e outras tragédias por ouvir o som de veículos ou avisos de colegas, incluindo porradas de colegas no ensino fundamental. Não eram ecos ouvidos ao longe. Não. Aparelhos de TV, todos sintonizados na mesma emissora, soavam juntos em volumes explosivos. A visão não era necessária. O personagem, não mais protagonista - já explico o porquê - não precisa ver o jogo para acompanhá-lo. Galvão Bueno narra a todos os brasileiros.

Entrementes, Gabriel Tarde e Gustave Le Bon sorriem em seus túmulos. Eles foram de movimentos psicológicos que afirmavam serem as massas desfavorecidas intelectualmente, mas extremamente eficazes em vontade conjunta. Assim, personagens passam a fazer parte de um inconscientes coletivos. Protagonistas desaparecem.

E ainda resta alguma análise? Sociólogos pós-modernos, em sua maioria, acusam o fim dos Estados Nacionais. Depois da amostra futebolística televisiva, uma conclusão: mediados por TV? Sim. Contudo, ainda existentes. Estados Nacionais, sim! Basta saber se isso é bom, ruim, meo-termo, estranho (ou maniqueísta!). E a quem...