terça-feira, janeiro 10, 2006

Minha Bíblia de cada dia

fonte: Folha de São Paulo, 1º de outubro de 2005
O primeiro livro que tive, de fato, grande desejo de obter foi a Bíblia. E não se tratava de uma daquelas encapadas com material especial, talvez mesmo em couro, e com ilustrações de Da Vinci. Não me interessava por uma cópia da Capela Sistina. Se é do Vaticano, que fique lá. Eu queria algo simples. Contentava-me com uma publicação de 14 por 11cm. E eu a ganhei. Minha avó, boa evangélica, esperando que o neto se convertesse, me presenteou com este que falam ser um livro sagrado.
A palavra de Deus se tornou palavra de deus.

E hoje almejo escrever livros, embora ainda tenha algum tesão em ler obras complexas e, porventura, de meros mortais. Engraçado é que transferi essa grandeza idealizada: antes, da quantidade de páginas; outrora, dos autores, de seus tramas, de suas personagens. Nesse domingo visitei minha avó. Até hoje fazemos uma oração na despedida. E senti, como nunca, uma dificuldade enorme de fechar os olhos e não enxergar minha interiorizada grandeza. A pessoa cresce e, nisso, diminui. Nietszche já vislumbrava a criança como o estágio supremo do homem antes de se tornar super-homem.
Regredir é a solução?

2 Comments:

Blogger Juliana Paixão said...

Ouvi essa semana mesmo d eum amiga, ph..ela me disse: "meu lema agora é regredir para progredir".. Bem, isso faz um pouco de sentido mesmo... A criança vê o mundo com outros olhos neh...rs Bjos

terça-feira, janeiro 10, 2006 10:53:00 PM  
Blogger Jean Souza said...

Procuro não falar muito de religião, mas sempre volta o assunto, né?

É difícil ir contra a maré. No caso, não ser religioso ou ser adepto de uma religião (ou prática religiosa) que não é aquela hegemônica.

Esses choques acontecem mesmo, não dá pra evitar.

E quanto à grandeza: é assim mesmo, a ética laica não faz com que o homem pense que ele seja aquilo que ele não é ou não pode ser. Ela é realista.

quinta-feira, janeiro 12, 2006 2:28:00 AM  

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